No dia 28 de fevereiro de 2025, a Polícia Militar de Sergipe (PMSE) completará 190 anos de existência; justamente o número 190, que há muito já transcendeu o código emergencial telefônico da instituição, para alçar a condição de seu nome numérico. No entanto, o mais significativo nesse número é que ele não apenas quantifica, mas também qualifica, o seu aniversário, traduzindo a antiguidade, historicidade e imprescindibilidade da instituição.
E para quem guarda dúvida acerca da imprescindibilidade da PMSE para a viabilidade da convivência humana no território sergipano, proceda ao ligeiro exercício mental de sua eliminação hipotética de nosso organograma estatal, bem como de conceber as inevitáveis e óbvias consequências de sua supressão.
O fato é que a coercitividade ostensiva necessária para que não se dilacere o tecido social está plasmada na PMSE, desde a heráldica data de 28 de fevereiro de 1835, a qual integra sua identidade visual, em seu próprio brasão.
Falta, portanto, uma década para seu bicentenário.
E não é de se estranhar a presença de uma coroa sobre o brasão da PMSE, uma vez que sua condição de quase bicentenária faz dela uma instituição de origem imperial, que não apenas testemunhou, mas interagiu socialmente na construção da história de Sergipe.
E não apenas de Sergipe.
A PMSE atuou na Guerra da Paraguai, um conflito internacional que durou vários anos, na segunda metade do século XIX, envolvendo quatro países da América do Sul: Brasil, Argentina e Uruguai (Tríplice Aliança) contra o Paraguai. A PMSE, na época, era chamada de Força Pública, a qual integrou o 19º e o 50º Corpos de Voluntários da Pátria, tomando parte em vários combates, dentre os quais, as célebres batalhas de Tuiuti, Humaitá, Itororó e Avaí, entrando em Assunção em 05 de janeiro de 1869.
Pois é, senhoras e senhores, nossa PMSE lutou na Guerra do Paraguai.
E o comprometimento da então Força Pública com esse esforço de guerra foi tamanho, que se fez necessário estabelecer um corpo policial provisório para dar conta de suas atribuições em Sergipe, isto é, as atribuições policiais propriamente ditas, em razão do deslocamento de seu contingente para o teatro de operações da guerra.
E a PMSE prosseguiu, em sua historicidade transcendente, atuando: na Campanha de Canudos, num fanático sertão baiano; na contenção da Revolução Constitucionalista de 1932, numa São Paulo irresignada com a Revolução de 1930; e no combate ao cangaço, por meio de suas icônicas unidades volantes.
Mais recentemente, a PMSE enviou alguns de seus membros a Moçambique, ao Timor Leste e ao Haiti, integrando as Forças de Paz da ONU.
Quem escuta o hino da PMSE constata que seus vetores de coesão e progresso vêm sendo seguidos. O processo de expansão quantitativa e qualitativa da PMSE nunca parou.
A PMSE é uma instituição ampla, diversificada, plural, moderna e sólida.
A intempéries da modernidade líquida não conseguiram desestruturar a PMSE.
No entanto, a atualidade vigorosa da PMSE precisa se debruçar sobre a elaboração de sua historiografia. Uma trajetória tão larga e rica não pode prescindir de pesquisas aprofundadas e de esforços de divulgação do quanto levantado.
A história da PMSE precisa ser contada.
A construção e divulgação de uma historiografia ampla e aprofundada da PMSE alargará o capital simbólico da Instituição, que terá, dessa forma, a dimensão de sua importância muito melhor assimilada pelo povo que ela integra, com o qual interage a ao qual serve.
Fica aqui minha modesta homenagem a essa briosa instituição.
Não obstante dela não seja membro, tenho a honra da vivência do “unidos ombro a ombro” de seu hino, nas lutas contra o crime e nas lutas pela construção dos nossos direitos.
Adelmo Pelágio é delegado de polícia, estudante de rádio e TV no Senac e idealizador do programa Sergipe e sua Gente: o Podcast da Sergipanidade.
PS: No dia 10 de fevereiro de 2025, às 21h, na rádio Aperipê FM 106.1, a “História da Polícia Militar de Sergipe” será o tema da 4ª edição do programa “Sergipe e sua Gente: o Podcast da Sergipanidade”, tendo como entrevistado o Tenente-coronel Marcelo Rocha, estudioso do assunto. Todos convidados a esse mergulho na nossa história.
ROACONTECE