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André Graça reage à crise criada pelo próprio decreto, mas evita temas centrais e ataca imprensa

André Graça reage à crise criada pelo próprio decreto, mas evita temas centrais e ataca imprensa

A entrevista ocorreu no Jornal da Rio – edição do meio-dia, na Rio FM.

O prefeito de Estância, André Graça (PSD), falou nesta segunda-feira (10), pela primeira vez, sobre a intensa repercussão negativa do decreto emergencial que cortou gratificações de servidores, reduziu funções e proibiu novas nomeações até 31 de dezembro de 2025. A entrevista ocorreu no Jornal da Rio – edição do meio-dia, na Rio FM.

A fala do gestor, no entanto, expôs mais uma vez a dificuldade da atual administração em lidar com críticas, cobrar transparência e sustentar decisões impopulares — sobretudo quando confrontada pelo histórico recente de gastos milionários com eventos, como os R$ 250 mil aplicados em um único campeonato de surfe no Abaís, cujos resultados concretos jamais foram apresentados, e os mais de R$ 4 milhões destinados ao São João deste ano.
Apesar desse panorama, Graça voltou a demonstrar incômodo com o trabalho da imprensa e com questionamentos públicos. Há, segundo comunicadores da cidade, um claro desgaste na relação institucional do prefeito com veículos locais, desgaste esse que ele próprio tem alimentado ao preferir insinuações e ironias no lugar de respostas objetivas.
Insinuações, ameaças veladas e ataques indiretos
Durante a entrevista, André Graça foi incapaz de lidar com perguntas diretas do âncora Luiz Carlos Dussantus, o Dissantir. Em determinado momento, insinuou — sem citar nomes — que
“sites e portais fazem oposição a Estância, e não ao meu governo”. A frase generalista, sem fundamento apresentado, reforça o conflito que o prefeito tem cultivado com a imprensa crítica desde o início de sua gestão.
Em outra declaração, elevou o tom e afirmou:
“Minha raiva é essa. Façam oposição à gestão. Eu preciso da oposição para me ajudar a administrar Estância.”
Logo depois, lançou uma advertência explícita:
“Não queiram manchar o município de Estância. Eu estarei aqui para rebater. Quem tentar fazer isso, eu irei para a linha de frente.”
A postura contradiz discursos anteriores do próprio chefe do Executivo, que em outras ocasiões disse “respeitar o trabalho da imprensa”. Na prática, o comportamento exibido no ar demonstra justamente o oposto: dificuldade em reconhecer o papel fiscalizador do jornalismo e preferência por transformar críticas administrativas em ataques pessoais.
Temas sensíveis ficaram de fora — e o prefeito agradeceu
Apesar da longa entrevista, questões centrais e de alto impacto não foram abordadas.
Graça não foi questionado — e, portanto, não respondeu — sobre:
O pedido de autorização enviado à Câmara para contrair um empréstimo de R$ 30 milhões junto à Caixa Econômica Federal.
A Lei nº 143, que alterou dispositivos da Lei Complementar de 2007 e abriu brecha para flexibilizar controles sobre a jornada de servidores, possibilitando proteger ausentes ou aliados, sem mecanismos claros de fiscalização.
Ambos os temas têm preocupado servidores, especialistas e veículos de imprensa, mas não receberam um minuto de explicação do prefeito.
FACTUAL1 reage: “Parece um garoto mimado”
O PORTAL FACTUAL1, que nos últimos meses tem publicado reportagens com documentos, dados e fatos sobre os desacertos da administração municipal, não recebeu com surpresa a postura adotada pelo prefeito.
O diretor de jornalismo do canal, Juliano Lima, pontuou:
“Nem parece ser prefeito. Parece um garoto mimado que chora e esbraveja toda vez que leva um esporro do papai. Não é isso que o povo de Estância espera do gestor André Graça, mas cada um oferece o que tem. Se ele deseja estar na linha de frente, que seja bem-vindo. Será muito bom — quem sabe assim ele mostre a verdadeira face ao povo de Estância.”
A fala sintetiza o sentimento de parte significativa da imprensa local, que afirma seguir fazendo seu trabalho com base em documentos, dados e apuração — e não em simpatias políticas.
Cortes e contradições:
Quanto ao decreto que cortou gratificações e congelou nomeações, André Graça atribuiu a medida a uma “queda no repasse de receitas”.
A justificativa, contudo, reacende questionamentos sobre a falta de planejamento do governo, já que todos os anos os municípios enfrentam oscilações nos repasses durante o segundo semestre — informação conhecida e previsível no cenário administrativo.
O contraste entre os cortes impostos a servidores e os gastos milionários em eventos recentes torna o discurso do prefeito ainda mais difícil de sustentar diante da opinião pública.
Um governo em rota de colisão com a imprensa — e com a realidade
Ao adotar uma postura reativa, personalista e intimidatória diante de críticas, o prefeito André Graça demonstra não compreender o papel constitucional da imprensa nem a responsabilidade de um gestor municipal.
Críticas não “mancham Estância”. O que mancha uma cidade é a ausência de respostas, a opacidade nos gastos, a birra como estratégia de governo e o incômodo diante da fiscalização pública.
Enquanto Graça continuar enxergando jornalistas como adversários pessoais, e não como fiscalizadores legítimos da máquina pública, o desgaste com a população tende apenas a aumentar — assim como a pressão por explicações que ele insiste em evitar.
redação FACTUAL1

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