Há 169 anos completados nesta quinta-feira (17), a capital de Sergipe foi transferida de São Cristóvão para Aracaju. A mudança ocorreu em 17 de março de 1855, quando o presidente da província de Sergipe na época, Inácio Barbosa, elevou a categoria de cidade o povoado de Santo Antônio do Aracaju e efetivou a transferência da capital.
Uma questão importante para a mudança da capital de São Cristóvão para Aracaju foi o açúcar. O presidente Inácio Barbosa sabia da importância deste alimento para Sergipe como principal produto de importação.
Para escoar toda a produção de cana de açúcar de uma forma mais rápida e aumentar exportação, um ano antes da mudança da capital foram mudadas para as praias de Aracaju a alfândega, uma subdelegacia, uma agência dos correios, e a mesa de rendas provinciais, dando os primeiros passos para o crescimento econômico de Sergipe.
Origem do nome
Aracaju significa “cajueiro dos papagaios”. A palavra é composta por dois elementos: “ará”, que significa papagaio, e “acayú”, que significa fruto do cajueiro. Esta interpretação tem grande vigência, embora existam outras versões.
Já nasceu capital
Logo após o descobrimento do Brasil, em 1.500, algumas áreas da nova colônia de Portugal encontravam-se em estado de guerra devido as divergências culturais entre índios, negros escravos e os invasores de outros países da Europa. A necessidade de conquistar a faixa territorial que hoje compreende o estado de Sergipe, e acabar com as brigas entre índios, franceses e negros, que não aceitavam o domínio português, era de extrema urgência para o trono.
O local onde hoje se encontra o município de Aracaju era a residência oficial do temível e cruel cacique Serigy, que segundo Clodomir Silva, no “Álbum de Sergipe”, de 1922, dominava desde as margens do Rio Sergipe até as margens do Rio Vaza-Barris. Em 1590, Cristóvão de Barros atacou as tribos do cacique Serigy e de seu irmão Siriri, derrotando-os e matando-os. Assim, no dia 1º de janeiro de 1590, Cristóvão Barros fundou a cidade de São Cristóvão (mais tarde capital da província) junto à foz do Rio Sergipe e define a Capitania de Sergipe.
Cidade planejada
Como cidade planejada, Aracaju nasceu em 1855, por necessidades econômicas. Uma Assembleia elevou o povoado de Santo Antônio do Aracaju à categoria de cidade e transferiu para ela a capital da Província. A transferência deu-se por iniciativa do presidente da Província Inácio Barbosa e do Barão do Maruim Provincial. A pequena São Cristóvão não mais oferecia condições indispensáveis para uma sede administrativa, e a pressão econômica do Vale da Cotinguiba – maior região produtora de açúcar da província – exigia a mudança. A região precisava urgentemente de um porto que escoasse melhor seus produtos.
Somente em 1865 a cidade se firmou. Era o término de uma década de lutas contra o meio físico, e contra uma série de adversidades políticas e sociais. A partir desta data, ocorre um novo ciclo de desenvolvimento, que dura até os primeiros e agitados anos após a proclamação da república. Em 1884, surge a primeira fábrica de tecidos, marcando o início do desenvolvimento industrial. Em junho de 1886, Aracaju já possuía uma população de 1.484 habitantes, já havia a imprensa oficial, além de algumas linhas de barco para o interior.
Em 1900. inicia-se a pavimentação com pedras regulares e são executadas obras de embelezamento e saneamento. As principais capitais do país sofriam reformas para a melhoria da qualidade de vida dos habitantes. Aracaju – que já nasceu de vanguarda, acompanhava o movimento nacional e em 1908 é inaugurado o serviço de água encanada, um luxo para a época. Em 1914, é a vez dos esgotos sanitários e no mesmo ano chega a estrada de ferro.
Um tabuleiro de xadrez
Aracaju foi uma das primeiras capitais brasileiras a ser planejada. O projeto desafiou a capacidade da engenharia da época, face à sua localização numa área dominada por pântanos e charcos. O desenho urbano da cidade foi elaborado por uma comissão de engenheiros, tendo como responsável o engenheiro Sebastião Basílio Pirro. Alguns estudos a respeito de Aracaju propagaram a idéia de que o plano da cidade havia sido concebido a partir da implantação dos modelos de vanguarda na época – Washington, Camberra, Chicago, Buenos Aires, etc.
O centro do poder político-administrativo, (atual praça Fausto Cardoso) foi o ponto de partida para o crescimento da cidade. Todas as ruas foram arrumadas geometricamente, como um tabuleiro de xadrez, para desembocarem no Rio Sergipe.
Até então, as cidades existentes antes do século XVII, adaptavam-se às respectivas condições topográficas naturais, estabelecendo uma irregularidade no panorama urbano. O engenheiro Pirro contrapôs essa irregularidade e Aracaju foi no Brasil, um dos primeiros exemplos de tal tendência geométrica.
Porte médio
Aracaju já se encontrava estabilizada nos anos 70 do século passado. Cidade de porte médio, sem problemas de segurança nem infraestrutura, boa densidade demográfica, belas praias e um povo simpático e de bem com a vida. Alguns turistas acidentais começavam a aparecer, muitos desembarcavam na cidade por curiosidade e acabavam ficando – há vários casos de estrangeiros morando em Aracaju após uma paixão arrebatadora pela cidade.
O governo despertou para a grande indústria e as obras de infraestrutura turística começaram a ser realizadas. Aracaju recebeu hotéis de nível e teve sua Orla na praia de Atalaia construída, hoje, o mais importante cartão-postal da cidade; rodovias foram implantadas para facilitar o acesso ás praias dos litorais sul e norte; outros equipamentos turísticos foram instalados e um grande trabalho de catalogação das potencialidades foi feito, aliado á divulgação nos principais veículos do pais.
Destaque Notícias I Foto: Washington Reis