A Praia do Saco, um dos destinos mais icônicos do litoral sul de Sergipe, enfrenta um grave problema ambiental. Conhecida como o “Caribe Sergipano”, sua beleza paradisíaca está sendo ameaçada pelo avanço do mar, que continua a causar prejuízos estruturais e preocupações para moradores, turistas e especialistas.
No último domingo, 1 de dezembro, mais um imóvel localizado na entrada da praia desabou parcialmente. A casa, pertencente a Pedro Marcelo, era um dos muitos pontos de contemplação da natureza, mas sucumbiu à força da erosão.
Erosão Costeira e Impactos Ambientais
Estudos do Laboratório de Progeologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS) revelam que as águas do Rio Piauí avançaram cerca de 130 metros sobre sua margem nos últimos dez anos. Esse fenômeno ocorre ao mesmo tempo em que a faixa de areia da Praia do Saco aumentou em 180 metros, apontando para um desequilíbrio ambiental.
Para aprofundar o estudo, os especialistas realizam uma batimetria da foz do Rio Piauí, medindo a profundidade do canal. A suspeita é que o quebra-mar existente tenha provocado um aumento significativo na profundidade do estuário, ampliando o risco para as construções próximas. “Se encontrarmos um canal muito profundo próximo às casas, a situação será extremamente grave”, alerta um dos pesquisadores.
Soluções Adotadas em Outras Praias
Casos similares em outras regiões do Brasil mostram que é possível conter a erosão costeira. Um exemplo bem-sucedido foi o alargamento da faixa de areia na Praia de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, concluído em 2021. O projeto ampliou a faixa de areia em até 70 metros, utilizando técnicas modernas de dragagem e redistribuição de sedimentos. O resultado não apenas protegeu a orla contra o avanço do mar, mas também revitalizou o turismo local.
Outra intervenção importante ocorreu em Recife, Pernambuco, onde foram instalados recifes artificiais submersos. Essas estruturas ajudaram a reduzir a força das ondas e proteger as praias contra a erosão. Essas soluções, aliadas ao reflorestamento de manguezais e à regulamentação ambiental, oferecem um caminho promissor para a Praia do Saco.
Impasses Legais e Ação Judicial
Apesar da urgência de ações na Praia do Saco, a situação é agravada por questões legais. Uma decisão de 2014 da 7ª Vara Federal proíbe construções, melhorias e manutenção de imóveis em áreas de proteção permanente. Além disso, o Ministério Público Federal (MPF/SE) pede a demolição de construções irregulares, mas até o momento nenhuma ação concreta foi realizada. A demora na implementação de soluções tem agravado o problema. É urgente que Sergipe busque parcerias com a União para desenvolver um plano de ação que contemple tanto soluções de engenharia quanto estratégias de proteção ambiental.
Necessidade de Parcerias
Salvar a Praia do Saco é mais do que um desafio técnico, é um compromisso com as futuras gerações. Para preservar esse patrimônio natural, é essencial que o governo estadual de Sergipe e Prefeitura de Estância atuem em parceria com o governo federal e órgãos competentes. Medidas imediatas devem incluir o planejamento de intervenções estruturais e a mobilização de recursos para implementar soluções baseadas em experiências bem-sucedidas de outras regiões.
Sem intervenções imediatas e coordenadas, a erosão costeira continuará a avançar, destruindo o patrimônio natural e econômico da região. Se nada for feito, a Praia do Saco corre o risco de desaparecer, deixando para trás apenas memórias de um paraíso que já foi um dos maiores tesouros naturais de Sergipe. O tempo está contra nós, mas exemplos de sucesso em outras localidades mostram que ainda há esperança para o “Caribe Sergipano”.
do comunicandosergipe I Foto: Léo Costa